Gostou do artigo? Compartilhe!

Cólica Renal

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

Cólica renal é uma das piores dores que se pode sentir.

Todos os anos milhares de pessoas são hospitalizadas para tratamento de cálculos urinários. O tratamento pode ser curativo, quando a pedra já existe, ou preventivo para aquelas pessoas que pertencem a famílias de calculosos ou já tiveram pedra e não querem ter novos episódios. 
Os cálculos são formados nos rins pela precipitação de algumas substâncias excretadas na urina como cálcio, acido úrico, oxalato, fósforo, magnésio, amônia, etc. A gênese da pedra se inicia pela precipitação de cristais que, por um fenômeno chamado epitaxia, se agregam formando o cálculo . Parte da água que ingerimos é utilizada em reações químicas no organismo, grande parte é perdida na respiração e transpiração e apenas a sobra é expelida pelo rim juntamente com uma série de substâncias que precisam ser retiradas do sangue.

A maior parte dos cálculos são expelidos espontaneamente ainda quando são pequenos. A parte dolorosa é a passagem da pedra pelo ureter desde o rim até a bexiga. A descida do cálculo gera dificuldade de escoamento da urina produzida no rim e todo o sistema se dilata causando dores intensas. A dor é do tipo cólica e pode estar acompanhada de vômitos, sangue na urina e febre se houver infecção associada.

    Há cálculos que crescem tanto que tem dificuldade para passar pelo ureter, ficando retidos no rim ou encravando em algum ponto do ureter na tentativa de descer. A presença da pedra no rim pode ser deletéria causando dilatações e propiciando o aparecimento de infecção renal, a pielonefrite. Nestes casos há a necessidade de algum tipo de intervenção para a retirada da pedra. No final da década de 70 houve um grande avanço no tratamento cirúrgico do cálculo renal, pela primeira vez se retirava uma pedra do rim por um orifício de 1 cm na pele. Esta técnica foi chamada de Nefrolitotomia Percutânea porque é através da pele, mas sem ser a cirurgia convencional para a qual seria necessário uma grande incisão.

 Um dos maiores avanços da bio-engenharia de todos os tempos foi o desenvolvimento daLitotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque (LECO), que é a quebra do cálculo dentro do organismo sem invadi-lo. As ondas de choque são geradas dentro de um cilindro, passam por uma lente que as direciona para um foco e o médico, com o auxílio de computadores, raio-X e ultra-som, localiza este foco sobre o cálculo. A emissão das ondas fragmenta o cálculo que é expelido com a urina na forma de areia ou de pequenos fragmentos em aproximadamente 80% dos casos. O procedimento é feito, na maioria das vezes, sem anestesia e sem internação.

A facilidade do tratamento gerou certo descuido na prevenção da doença. Não podemos esquecer que a medicina preventiva é menos dolorosa e tem menores custos. Uma pessoa que já formou um cálculo tem grande chance de formar outros . É aconselhável controles periódicos, pois alguns cálculos crescem silenciosamente, sem sintomas e podem comprometer seriamente a função do rim.

    A prevenção está diretamente ligada aos hábitos do paciente, à constituição do cálculo e aos distúrbios metabólicos que eventualmente possa ter. O diagnóstico de algum defeito metabólico é feito pela análise do cálculo retirado ou expelido e por exames especiais de sangue e urina. Muitas vezes estas alterações não são mutáveis ou passíveis de tratamento medicamentoso, mas existem hábitos que se alterados podem evitar a formação de novas pedras em até 60% dos pacientes.

    O principal hábito a ser adquirido, independente do tipo de pedra, é o aumento da ingestão de líquidos, principalmente água, chás e sucos cítricos, como laranja e limão, limitando a ingestão de sal.

Autor

Dr José Augusto Ferreira Bittencourt

Dr José Augusto Ferreira Bittencourt

Urologista

Mestrado em Mestrado em Medicina: Urologia no(a) Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).